Pro Evolution Soccer 2017 — Review


Lá se vão mais de duas décadas desde que me apaixonei por jogos de futebol e durante todo esse tempo eu vivi uma relação de amor e ódio com a série International Superstar Soccer/Pro Evolution Soccer. Apesar da criação da Konami ter sido a minha favorita por muitos anos, desde a sétima geração eu passei a gostar mais da concorrência e ano após ano sempre vi o lançamento de um novo PES com um certo ceticismo.
Apesar de na edição 2016 a série ter me dado algumas demonstrações de que a desenvolvedora japonesa estava encontrando seu caminho, eu não tinha muita esperança de que na atual temporada eles conseguiriam um salto significativo de qualidade, mas preciso admitir que estava bastante enganado.
Já na primeira partida eu pude perceber que precisaria de um bom tempo para me adaptar ao PES 2017 e não somente por ter deixado de jogar o anterior logo após o seu lançamento, mas porque dessa vez a jogabilidade estava muito mais apurada e exigindo bastante atenção.
É estranho admitir isso, mas depois de alguns jogos disputados nessa nova versão, a sensação que tive foi de que o FIFA havia se tornando automático demais, permitindo que eu tocasse para qualquer jogador sem muito medo de errar o passe. Já no PES 2017 parece ser bem mais fácil perder a bola, com a a qualidade do passador tendo que ser levada em consideração e a marcação feita pelo computador deixando pouco espaço para apostas.
Outra melhoria que considero muito bem vinda são as mudanças táticas que as equipes adversárias fazem a todo momento e embora eu sempre tenha ouvido falar sobre jogos de futebol com uma inteligência artificial que se adaptaria ao nosso estilo, essa foi a primeira vez que realmente vi isso acontecer. Por exemplo, durante um jogo eu estava encontrando muita dificuldade para entrar na área tocando, então passei a cruzar bolas para tentar um gol de cabeça e logo ouvi o narrador dizendo que a máquina havia reforçado a defesa para evitar esse tipo de ataque.

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Porém, aquilo que realmente me agradou muito foi a tão aguardada melhora nos goleiros. Se na edição passada era muito fácil vencê-los, agora eles estão bem mais eficientes. Isso somado a um melhor posicionamento da defesa fez diminuir bastante a chance de ver placares elásticos, algo que comprometia muito o realismo do PES 2016 e na minha opinião, estragava a experiência.
O realismo por sinal é uma característica que aumentou muito nessa versão, com a velocidade tendo caído bastante e o fato dos jogadores parecerem mais pesados fazer com que tenhamos que posicionar seus corpos corretamente antes de fazermos um passe, darmos um chute ou tentarmos um carrinho.
Já para os apaixonados por táticas, o Pro Evolution Soccer 2017 traz um novo sistema de instruções avançadas, que nos permite por exemplo definir que o time toque mais a bola durante o ataque ou parta em velocidade para surpreender o adversário, com tais mudanças podendo ser feitas também quando estivermos na defesa. O bacana e que tantas variações podem ser percebidas ao enfrentarmos diversas equipes e se uma estratégia funcionar para uma, não necessariamente dará certo com outra.
De fato, compreender todas as táticas e descobrir qual funcionará melhor para nossos jogadores exigirá bastante tempo e estudo, fazendo com que o robusto modo Master League seja a opção ideal para fuçarmos nos menus, testamos estratégias e é claro, termos o prazer (e a frustração) de levarmos nosso time ao topo do mundo.

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É importante dizer que novamente o futebol da Konami traz todos as equipes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, nos permitindo assim jogar com nosso time do coração, mas o que deveria ser motivo para elogios está muito longe de ser perfeito. O primeiro problema  está na escalação das equipes, bastante desatualizadas e com jogadores que muitas vezes não se parecem em nada com suas versões reais. Além disso, temos até mesmo alguns pequenos problemas nos uniformes, como no caso do Flamengo, que joga com calções pretos (como pode ser visto na imagem acima), quando o correto seria branco.
Esse aliás é um problema espalhado por quase todo o jogo. A Premier League por exemplo só conta com duas equipes licenciadas e há casos ainda mais extremos, como por exemplo o do Bayern de Munique, que não aparece nem como um time genérico. Para piorar, a série ainda perdeu o direito sobre a Copa Libertadores.
É bem verdade que essa parte do problema pode ser resolvida ao baixarmos arquivos modificados por outros jogadores ou fazendo tais correções nós mesmos, mas é evidente que o ideal seria recebermos tudo certinho desde o início e quem não souber como ou não estiver disposto a procurar tais atualizações, provavelmente ficará  frustrado ao ter que disputar uma partida entre Man Red (Manchester United) e MD White (Real Madrid).
Contudo, o grande problema do PES 2017 está na sua versão para PC. É simplesmente inadmissível e inexplicável a Konami continuar entregando na plataforma uma versão visualmente muito inferior a o que temos no PlayStation 4 e Xbox One. É triste perceber como há anos a empresa tem tratado os jogadores de computador com uma certa indiferença e embora seja muito melhor ter o jogo assim do que não ter nada, já passou muito da hora de a desenvolvedora entregar algo pelo menos no mesmo nível do que temos nos consoles de última geração.
Outro ponto a se lamentar diz respeito a narração, que continua soando tão amadora quanto nas versões anteriores, estando repleta de chamadas sem muita emoção e a fusão de frases parecendo ter sido feita por aquele pessoal que modificava o PES na época do PlayStation 2. O ponto positivo no entanto foi a substituição do Silvio Luiz pelo Milton Leite, o que fez com que felizmente acabasse aquela enxurrada de bordões ridículos do antigo narrador. É verdade que o irritante Mauro Beting continua, mas até seus comentários estão um pouco mais sóbrios.

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Entre erros e acertos, fiquei impressionado com o salto de qualidade dado pelo Pro Evolution Soccer 2017, principalmente por ele ter conseguido me fazer sentir novamente como era disputar uma partida de futebol, me colocando para pensar na parte tática e em encontrar soluções para derrotar meus adversários. Não, o jogo não é perfeito, mas para quem procura alguma novidade no gênero e uma experiência mais próxima da realidade, está aí uma versão que finalmente mostra uma evolução.

Postado Por  em 22 09 2016 em AnálisesComputadores

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